18 junho 2007

073. Ferrugem

Pensei que tinha acabado contigo
do outro lado,
mas procuro agora
mais uma outra obcessão.

Ainda achas que te amo?

Olho para baixo
para o vácuo do meu peito.
Todos conseguem ver através dela agora.

Pensavas que me tinhas como troféu?

Tão só,
apanhado mais uma vez neste ciclo.
Tão só,
sou rasgado por antigas memórias.
Tão só,
caindo até encontrar mais uma morte.
Tão só,
nunca pensei que estes olhos
ensanguentados veriam de novo.
Estou só e estou morto.
Estou morto...

Pensavas que chorarias por mim
se eu morresse?

Vivo com a merda que me ofereceste...
e nunca estive realmente vivo.

Mais um grão de areia
que cai das mãos do tempo
e estilhaça na minha alma.
Sobras da minha humanidade, restos,
enquanto enferrujo.
Tão só.

Nunca me pareceu valer a pena,
tão só.
Se te preocupas segura-me
porque eu estou a cair,
tão só.
Deixas-me afogar neste pecado,
ensanguentado,
tão só.
Nunca me deixas viver.

Ardi-te.
Por favor pára.
Eu desisto.

Eu desisto...

072. Interior

Ecos meus na tua face,
aqui.
Neste esquecido lugar
nós estamo-nos a tornar...
eu estou-me a tornar
numa forma perfeita.

O passado está esquecido.
O futuro nada significará.
Neste lugar inteiror
nós estamo-nos a tornar
numa perfeita esfera.

Fazes-me sentir vivo.
Fazes-me sentir inteiro.




Fazes-me sentir vivo.