07 agosto 2007

082. Memória (after Cat)

O tempo dança nas tuas mãos
enquanto eu danço entre os teus braços,
sem tristeza, sem dor,
num sonho que só pode ser o meu.

Esta eterna saudade conduz-me
para a segurança dos teus abraços,
perseguindo o tempo
sem nunca te encontrar.

Nasce, então mais um dia,
mais uma esperança efémera
de me mergulhar profundamente
no cristalino reflexo do teu olhar.

Magia? Não.
Cor? Não.
São ilusões.
As minhas...

Alcanço a prisão do meu desespero.

Mas procuro os teus braços.
Procuro-te...

E, nos teus braços, choro.

Olho os teus olhos verdes
e vejo-me através de ti.

081. Sonho

Disseste que sonharia aqui para sempre.
Sobre este rochedo em terra firme,
endurecida apenas pelo teu cadeado.
Um cadeado feito de impurezas e mentiras.

Um cadeado que resiste aos meus lamentos
e fechado com a força dos meus choros.
A um rochedo de dor.

Mas ainda consigo sonhar...
E os sonhos já não são o que eram.

Teria depressa pesadelos,
depois dos sonhos de todos os lugares,
palavras e coisas que fazia contigo.

E descubro que o os meus sonhos,
são apenas pesadelos dos meus pesadelos,
beijos copiosos da minha angústia.

Tu.
Tu és a minha terra firme.
Tu és o meu assassino silencioso.
Tu és as lágrimas na minha almofada.
Tu és o sangue da minha mão.

Tu és o meu pesadelo maravilhoso.

080. Pandora

Caindo, gritando
rapidamente através do vácuo.

A velocidade aumenta
enquanto mergulho
nas profundezas da caixa de Pandora.

Perco o controlo,
enquanto demónios voam para dentro,
para fora
e através de mim.

É o meu destino afogar-me
nestes risos sarcásticos,
ansiando pelo breve segundo.

Desejando o breve impacto
em que sinto
o chão debaixo de mim.

Ansiando pelo breve segundo
em que sei que a viagem termina.