24 agosto 2007

087. Destino afogar

Será que me lembrei de te esquecer?
Será que me esqueci de me lembrar de ti?
Será que esqueci quando tu partiste?
Será que partiste quando me esqueceste?

Nunca pensei que fosses um sonhador.
Nunca sonhei que fosses um pensador.
Tu tiveste-me, tu perdeste-me.
Será que te perdi primeiro?
Ou será que eu nunca te realmente conheci?

086. Palavras vãs

Sento-me esquecido neste quarto branco colorido
pensando nas coisas que nunca te direi
porque da tua face já me libertei
e o que diria já não tem sentido.

Olha para mim...
Sou um parasita,
sou um anjo,
sou uma sombra,
sou aquilo que nunca saberás.
E esta noite
o poema das 3 da manhã
ganha o sentimento do meu céu,
quebrando sonhos numa dor viscosa,
a que chamam de felicidade.

Sorrio enquanto abro a caixa da Pandora.
Música.
Estou destinado a afogar
nestes sorrisos e anjo
num oceano de euforia,
num mar de gargalhadas.

E, deitado no centro deste quarto branco colorido,
regressam os murmúrios dos meus grilhões
e eu rio-me perdidamente
porque da tua face eu me libertei.

E veio rápido e silencioso...
Uma esfera de luz radiante,
que me extasia como tu nunca soubeste,
e eu rio-me perdidamente,
embrulhado na minha própria felicidade,
porque me libertei de ti
e dessa tua face, já tudo esqueci.