01 outubro 2007

097. Tu és a jaula

O meu mundo costumava ser cinzento,
mas agora só vejo tudo escuro como breu.

Costumava pensar que conseguia erguer-me,
mas agora quebro os braços quando caio.

Tu és o ferro que uso para a minha jaula.
És a causa de toda a minha fúria.
Quando as coisa que pensava que tinha
eram apenas sonhos fiando na minha cabeça.
Quando todas as coisas começam a morrer
e até os mortos podem chorar.

Peguei na minha boca e cozi-a,
mas tenho tanto para te dizer.

A luz que vi no fim do meu túnel
era apenas o brilho da minha depressão.

Tu és as barras que rodeiam a minha jaula.
Sou apenas a memória extinta de um poeta morto.
Porque as coisas que pensava que tinha
são apenas manchas sombrias da minha mente.
Quando todas as coisas começam a chorar
e até os mortos podem morrer.

096. Sons

Sons atingem-me como punhais
furando-me por dentro.
Tambores que atormentam,
como passos de sombras,
fantasmas. Ouço-os respirar.

Sou enlouquecido pelos sons
que me dominam e me esmagam ao chão.
Pesados, sem conseguir respirar.

Sons atingem-me como tambores
ecoando por dentro de mim.
Fantasmas que me atormentam,
soando como trovões.

As tempestades da minha alma.