10 abril 2008

130. (sem título)

Perco a minha sanidade e amor-próprio

Apenas para acalmar a minha solidão.

Não consegui aguentar tanta dor,

Choro como mais ninguém chora.

129. Onde dói mais

Deixa-me tocar-te onde dói mais.
Deixa-me espetar esta facada nas tuas costas.
Rodar a lâmina fria e ver-te contorcer.
Deixa-me cravar pregos na tua alma,
roubar esse teu sorriso,
destruir essa tua esperança.
Deixa-me usar-te, abusar-te
e arrastar-te pelo chão.

Deixa-me apenas tratar-te
da forma como me tens tratado!

128. Presença

Tentando agarrar a uma presença que não existe.
Dor de cabeça...
Uma lâmina que choro e que me corta a face,
o coração em sangue morno.
Uma dor de cabeça...

O que é isto no meu coração?
Porque não consigo o tirar?
Porquê?

O teu nome ecoa na minha mente.
Confundindo-me e...
Porque não ficaste aqui comigo?

127. Aqui é onde tudo cai


Sentado no canto, choro de novo,
Só, na minha mente. Sempre foi assim.

Cego para a dor e atordoado para o fim,
Ainda sou criança mas sinto-me idoso.

3, 2, 1 - outro segundo que passa,
e um segundo mais perto do último.

Olho pela janela. Outro belo dia.
Mas só de relance - também não mereço isso.

E lembro-me de como o dia me fazia sorrir enquanto triste.
E agora apenas me recordo daquilo que nunca tive.

Não me lembro de como aqui cheguei nem como começou.
Apenas sei que é aqui onde tudo cai.

126. Poema sem nome

Sem gritos, sem lágrimas.
Sem sonhos nem medos.
Nada para além da minhaa infeliz existência.
Não consigo amar. Não consigo odiar.
Será castigo? Será destino?
Que raio me está a acontecer?
Estarei a ficar paranóico?

Sinto o que não sinto,
sou o que nunca fui.
Ajuda-me a sair. Enterrei-me tanto.
Fecho os olhos por um instante.
Tão cansado... não consigo dormir.
Vagueio por aí
Não tenho onde ir (nem onde ficar).
Nunca estive cá antes
e nunca mais quero voltar.
Preso neste sentimento
que apenas repete e repete (só para mim).

Estou perdido onde me encontram.
Não sei o que te dizer.
Não consigo dizer adeus...

Nem te consigo falar.

125. Insanidade emocional

Chegou. Como uma locomotiva.
Instalou-se como um vírus.
O frio que queima,
levantando a névoa densa,
a visão que me trai da realidade.
Sinto-a apoderar-se de mim.
Devorando lentamente esta alma minha,
alojada nesta prisão sem portas.

Luto para sobreviver.
Mas na selva só vinga que é mais forte.
E eu sou fraco.

Estendido sobre este chão frio,
olhando fixamente para o que me escapa.
Sou como o vidro que quebra e estilhaça
em pequenos pedaços
que embatem silenciosos no chão
e ecoam eternamente
no âmago do meu coração.

E entrego-me. Finalmente.
E sou levado de novo
para a minha saudosa solidão.